01/12/2015

Trabalho X Maternidade

Acácia com a filha enquanto trabalhava em casa
Quando a licença-maternidade está para acabar e chega a hora de voltar a trabalhar, a dúvida é sempre a mesma: "e agora, o que fazer, como vou me dividir?". No texto de hoje, Acácia Lima, fala sobre esse momento difícil na vida de todas as mamães.

"Quanto mais eu converso com as mães, especialmente as de primeira viagem, mais eu me convenço de que existe um dilema imbatível entre trabalhar e entregar a maternidade para o tempo "que sobra" e ser uma mãe presente e abrir mão de uma carreira corporativa. Digo "imbatível" porque não há como ganhar com 100% de satisfação nas duas pontas: ou se é uma profissional bem sucedida e cheia de culpa ou uma mãe perfeitamente feliz com essa condição mas que precisou abrir mão do sucesso profissional convencional (sim, porque há outros).


Eu, como empresária, escolhi as duas coisas, fico pela manhã com a minha filha e à tarde, quando ela vai para a escolinha, me divido entre o escritório, reuniões com clientes e prospects. Isso sem falar na casa. Sem falar na tentativa de separar um pouquinho de tempo para cuidar de mim (nada de atividade física ainda, manicure só a cada 15 dias, cabelo uma vez por mês, e assim vai).

Sentir-se dividida faz parte da condição de mãe e a maioria chega ao esgotamento físico e emocional. Outro dia conversava com uma amiga e ela me disse que está com Síndrome de Burnout (alto índice de estresse provocado por condições profissionais e emocionais. Leia mais aqui), agravada pelo ausência do marido por motivo de viagem. Essa amiga trabalha oito, nove horas por dia, cuida da filha quando chega, da casa, precisa dormir e nem sempre consegue direito porque a filha acorda muitas vezes à noite. Sinceramente, fico completamente emocionada com histórias assim e sei que essa não é das mais "graves"! 

Uma outra amiga voltou a trabalhar depois de 15 dias do parto (cesárea) porque é autônoma e seu dinheiro faz muita falta em casa. O que dizer? Ruim se ficar em casa sem dinheiro, ruim sair e deixar seu bebê recém nascido com terceiros.

Conheço amigas que abriram mão da profissão, procuraram trabalhos mais "fáceis" (se é que isso existe) ganhando menos. Outras transformaram um hobby em profissão (fotografia, artesanato, etc), esquecendo completamente uma carreira em que pudessem ascender, ter 13º, bônus, carro da empresa e tantos outros benefícios que só um homem-pai é capaz de manter. 

Se pudermos ter uma pessoa para nos ajudar em casa, ela própria, na maioria das vezes, deixará seus filhos em casa com outra pessoa também... É uma conta que não fecha. Nunca. 

As questões da maternidade são viscerais e não podiam ser diferentes... é assim que ela acontece de fato, em nossas vísceras.

A sociedade como um todo precisa repensar esse tema. A Dra. Renata Scatena, pediatra, em sua palestra durante o lançamento da plataforma "Somos Mães de Primeira Viagem", apresentou um vídeo (clique aqui para assistir) que mostra muito bem essa questão. Investir nos primeiros cinco anos da vida de uma criança é a garantia de adultos melhores e mais produtivos. Além do fator humano, há o fator econômico. 

Como equalizar? Fica aqui a deixa para uma reflexão, e, claro, de alguma atitude. Movimento pró maternidade, mamães!"

Acácia é mãe da Mariana e empresária.

*Esse depoimento encontra-se no capítulo "A volta ao trabalho" do nosso primeiro livro. Leia outros depoimentos, bem como textos de profissionais convidados adquirindo o livro através do link: http://bit.ly/2gbmuNY

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